quinta-feira, 26 de junho de 2014

Hoje é dia de teatro: A Mansão de Miss Jane

Quando eu era "andante" não tinha a menor ideia de como era a vida de um cadeirante, admito que ainda venho descobrindo esse mundo novo, mas no final de semana passado pude quebrar mais um dos tabus que nem eu mesma sabia que tinha.
Fui assistir o espetáculo A Mansão de Miss Jane, que além de divertido, me trouxe um novo olhar sobre a deficiência.
Passei 24 anos da minha vida como andante, e não serei hipócrita em admitir que muitas vezes olhei a deficiência com aquele sentimento de pena, que mesmo não encarando os deficientes que passavam por mim na tentativa de fingir para mim mesma que  aquilo era natural, por dentro eu sentia pena em acreditar que a vida daquela pessoa devia ser terrível e totalmente limitada.
Não me culpo por isso, e há tempos esses conceitos vem sendo quebrados dentro de mim e a relação capacidade e inteligência versus corpo novo tem me feito perceber que apesar das diferentes formas de realizar muitas atividades, há um  caminho novo há ser explorado e se eu me permitir arriscar, poderei descobrir muita coisa nova.
Lógico nem sempre é divertido e animador tentar alcançar aquela vasilha na última prateleira do armário, ou tentar pegar um cartão de crédito que caiu no chão(quem é cadeirante vai entender bem o que estou falando...rs), mas o que quero dizer é que após me permitir realizar experiências sem medo de me sentir incapaz ou frustrada venho notando o quanto a vida tem sido mais fácil e mais interessante quando o estigma de "coitadinhos" vira só mais uma frase que alguém que não tem o menor conhecimento disse e muitos acreditaram.
Foi um show de vida que assisti em A Mansão de Miss Jane,  vi muito além de cadeiras rodando no tablado, eu vi pessoas, pessoas que não vestiram o fardo de pobrezinhos e  mostraram que vieram ao mundo pra fazer valer cada segundo de vida.
A forma como se utilizam de seus corpos, sem se preocupar com os dilemas das assustadoras limitações que a sociedade insiste em nos impor foi deliciosamente mostrada naquele palco, entendi o quanto se permitir experimentar, torna tudo mais interessante.
Hoje dedico esse post a cada um dos atores dessa incrível peça, que além de me fazerem rir, me fizeram pensar em buscar as minhas verdades.
Obrigada por contribuírem para mais um tijolinho nesse mundo venho reconstruindo dentro de mim!


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